A Fábrica de Cerâmica das Devesas


Imagem retirada do site de Francisco Queiróz

Este artigo aborda a história e a importância da Fábrica da Cerâmica das Devesas no contexto das artes industriais portuguesas e do concelho de Vila Nova de Gaia. Espero que gostem.

O Contexto histórico - a indústria cerâmica na região do Porto

Vila Nova de Gaia foi, no passado, um importante centro de produção de olaria, de origem bastante remota. Na verdade, a elevada qualidade do barro de alguns solos gaienses, como o existente em alguns locais da actual freguesia de Santa Marinha, tornaram natural o surgimento de artesãos que o procuraram moldar em peças de uso quotidiano, tais como panelas, talhas, malgas, púcaros, etc.

Apesar desta actividade se ter estendido por diversos locais do espaço actualmente pertencente ao concelho de Vila Nova de Gaia, merece particular destaque o centro oleiro de Coimbrões, freguesia de Santa Marinha. Este lugar notabilizou-se, pelo menos desde a segunda metade do século XVII e até inícios do século XX, pelo elevado número de artistas dedicados à produção de louça preta, principalmente panelas. (RIBEIRO: 1997)

A cor preta era resultado da cozedura das peças em soengas, ou seja, em covas escavadas no solo onde a louça era colocada e depois tapada com material combustível seco. Este material era posteriormente queimado, originando-se desta forma uma atmosfera redutora, abundante em carbono, potenciando a transformação dos óxidos de ferro em magnetite preta, o que conferia aos objectos tonalidades pretas ou acinzentadas. 

Em 1808, e a título de exemplo, este lugar da freguesia de Santa Marinha contava com 37 fabricantes de panelas, claramente à frente de outros centros produtores de louça de Gaia. Neste sentido, refira-se que no mesmo ano existiam 7 paneleiros em Mafamude, 2 em Valadares, 5 em Canelas, 9 na Madalena e em Vilar do Paraíso e, finalmente, 1 em Pedroso. (SOEIRO; ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995)

A presença na toponímia de algumas ruas de Coimbrões de vocábulos associados à produção barrista, como a rua dos Oleiros ou a rua da Soenga, atesta a importância que esta actividade teve neste local. 








Mas a tradição ceramista do concelho não ficava reduzida à produção de louça utilitária. Na segunda metade do século XIX ainda existiam em Gaia pequenas oficinas dedicadas à produção de materiais cerâmicos de construção, como a telha e o tijolo, apesar da cada vez maior concorrência exercida pelas grandes fábricas. Assim, o inquérito industrial levado a cabo em 1881 detectou a presença em Gaia de 150 fornos e 300 artificies dedicados a esta componente da indústria cerâmica. (SOEIRO, ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995)

A produção nestas oficinas de louça utilitária ou de materiais de construção era, contudo, irregular e feita em complementaridade com o trabalho no campo.

"Com meios técnicos e rotinas pouco exigentes, estas oficinas funcionavam perto das fontes de matéria-prima, em harmonia com o trabalho dos campos, ao qual não retiravam permanentemente mão-de-obra, apenas a ocupando em curtos períodos sazonais sem quebra do fluir do labor rural, satisfazendo a cada vez maior vontade de substituir as coberturas em colmo e lousas por algo mais moderno, menos trabalhoso e suficientemente durável e funcional. O verão era a estação própria para o fabrico da telha e do tijolo que necessitavam de calor para secar na eira antes de ir para o forno." (SOEIRO, ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995: 207,208)

As Primeiras fábricas

As primeiras tentativas de sistematização e racionalização do trabalho, ainda que de forma muito débil, acontecem nas primeiras fábricas de cerâmica surgidas em Gaia e no Porto, na segunda metade do século XVIII.

Apesar de identificadas como fábricas, estas primeiras unidades industriais funcionavam, na maioria das vezes, em edifícios de habitação de vários pisos, limitando-se a transpor para uma escala maior os métodos de trabalho manuais e as tecnologias artesanais já empregues anteriormente pelas pequenas oficinas. Dada a concentração de mão de obra alcançava-se um maior nível de produção, mas sem grandes alterações nas metodologias aplicadas. 

Estas fábricas vão fixar-se precisamente ao longo das margens do rio Douro, aproveitando, deste modo, a proximidade dessa autêntica estrada fluvial para a importação das matérias primas necessárias à laboração, assim como para a exportação do produto final.

As duas principais unidades industriais de Gaia desse período eram a do Cavaquinho, fundada em 1780, e a de Santo António do Vale da Piedade, com origem em 1784, convivendo com outras de menor dimensão como a da Afurada, a das Regadas e a da Rasa, todas fundadas entre finais do século XVIII e inícios de XIX. 

Estas fábricas aproveitaram um contexto legislativo mercantilista favorável à sua expansão, pelo menos numa fase inicial, onde a proibição da importação de louça estendia-se à grande maioria dos países, com excepção da Índia ou da China. São as chamadas fábricas do clima pombalino. (SOEIRO, ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995)

Com a implantação do regime liberal, ainda na primeira metade do século XIX, e a consequente abertura dos mercados, muitas empresas viram-se em dificuldades em adaptar-se a um ambiente concorrencial, chegando algumas delas a encerrar a sua actividade. 

Outras sobreviveram, respondendo à pressão concorrencial através da adopção de soluções de maior qualidade, e outras foram então criadas, enquadradas já num paradigma de claro pendor industrial característico da segunda metade do século XIX.

Assiste-se então a uma elevada divisão e especialização do trabalho que, associadas à mecanização de algumas tarefas, vão permitir o fabrico em série orientado para determinados segmentos de mercado. Com a construção do caminho de ferro, muitas destas verdadeiras fábricas, instaladas agora em amplos pavilhões horizontais, vão-se fixar em Vila Nova de Gaia, nas proximidades da linha ferroviária, aproveitando a rapidez e eficiência do comboio para a importação de matérias primas e a exportação do produto final. 

É o caso da fábrica do Carvalhinho (instalada no Arco do Prado desde 1923), da cerâmica do Fojo (inaugurada em 1896 no lugar do Fojo), da cerâmica de Valadares (fundada em 1921) e da cerâmica das Devesas (a mais antiga deste conjunto tendo sido constituída no ano de 1865). 

O sucesso destas empresas pode ser medido pelo número de operários que afectavam à produção. Assim, se em 1881 a fábrica da cerâmica das Devesas contava com 210 operários, em 1899 já dispunha de 700. Também a fábrica do Carvalhinho, por exemplo, viu o número de trabalhadores subir da casa dos 130, em 1930, para os 235, em 1936. (SOEIRO, ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995)

A partir da primeira metade do século XX estas fábricas conseguiram singrar num ambiente protegido de condicionamento industrial, enfrentando depois novamente dificuldades com a adesão à EFTA, a Associação Europeia do Comércio Livre, em 1960. 

António Almeida da Costa e a fundação da Cerâmica das Devesas


António Almeida da Costa - imagem do site da Santa Casa da Misericórdia de Gaia


A Fábrica de Cerâmica das Devesas foi fundada por António Almeida da Costa (1832-1915), canteiro de formação, entre 1865 e 1866. De facto, há alguma indefinição entre os investigadores acerca da data exacta em que foi criado este complexo industrial. Se no artigo - A Cerâmica portuense: evolução empresarial e estruturas edificadas, se remete a data de fundação para o ano de 1865, no artigo A Fábrica de Cerâmica das Devesas – entre a Arte e a Indústria (PORTELA: 2007), da investigadora Ana Margarida Portela, defende-se que a fábrica teve a sua origem em 1866.

Almeida da Costa era natural de São Domingos de Rana, hoje freguesia do concelho de Cascais. Pertencente a uma família de canteiros, não renegou a tradição, abraçando igualmente a arte de trabalhar a pedra. 

"Num concelho como o de Cascais, polvilhado de boas pedreiras activas e perto do grande mercado de construção da capital, natural seria que ali existissem bastantes canteiros." (PORTELA, 2007: 41)

Ainda novo, com cerca de 19 anos, veio para a cidade do Porto trabalhar na oficina de Emidio Amatucci, procurando talvez um mercado onde não existiam tantos canteiros como na capital e onde podia fazer valer mais facilmente o seu talento. 

Preocupado em evoluir na sua técnica, matricula-se em 1854 na Escola Industrial do Porto nas cadeiras de geometria e ornato, concluindo assim a sua formação académica, um facto pioneiro entre o universo dos canteiros da cidade.  

No ano seguinte casa-se com Emília de Jesus Maria, sua companheira para o resto da vida. Casado e dominando a arte de canteiro, a que aliava um afinado espírito empresarial e uma boa dose de ambição, abandona poucos anos depois a oficina de Amatucci, abrindo a sua própria oficina, em 1857 ou 1858, na rua do Laranjal, nº68, no Porto. 

Com ela alcançou um prestígio considerável no seio da sociedade portuense, principalmente através do trabalho no âmbito da arte funerária. É a essa altura que remonta a sua colaboração com o escultor José Joaquim Teixeira Lopes (mais tarde sócio também da Cerâmica das Devesas), da qual resultou, aliás, a estátua de D. Pedro V, localizada na Praça da Batalha, no Porto. 

Com o passar dos anos os negócios de Almeida da Costa vão estender-se a Vila Nova de Gaia, onde começou por ter uma sociedade dedicada à produção de cal entre os anos de 1864 a 1866. Dado o pouco sucesso daquele empreendimento, Almeida da Costa vai apostar na construção de uma fábrica de raiz junto à então recente estação das Devesas, nuns terrenos pertencentes à Quinta das Devesas e que foram alugados aos seus proprietários.  (CORREIA, 2009)

O núcleo primitivo da fábrica nasce no que actualmente é conhecido como quarteirão norte, junto à estação das Devesas. Não passará muito tempo, contudo, para a unidade industrial de Almeida da Costa se alargar para o outro lado da rua, no quarteirão sul, facto que ocorre logo entre os anos de 1867 e 1868, assim respondendo ao aumento de encomendas.

A fábrica possuía um caminho de ferro interno, com seus próprios vagões, ligando as suas diversas oficinas e com acesso à estação das Devesas, o que sem dúvida permitia poupar nos custos de aquisição da matéria-prima (uma boa parte dela proveniente de terrenos que o próprio Almeida da Costa havia comprado no lugar de Pampilhosa do Botão, concelho de Mealhada, junto à linha de caminho de ferro), facilitando igualmente o transporte do produto final. 

A Sucursal da Cerâmica das Devesas na Pampilhosa do Botão. Foto do blog Arte, livros e velharias


Assim nasce o complexo industrial das Devesas, no seu início conhecido simplesmente como a Fábrica do Costa.  fotografia da fachada da cerâmica das devesas

Cerâmica das Devesas - pólo de artes industriais

Almeida da Costa distinguiu-se pela eficácia com que aliou a sua excepcional visão empresarial à sua sensibilidade para as artes, permitindo que a sua unidade industrial se destacasse não apenas como o principal produtor nacional de materiais de construção para a construção civil na segunda metade do século XIX e inícios do século XX, dando assim resposta ao notável crescimento urbano registado na segunda metade do século XIX nas cidades do Porto e Gaia, mas também como um verdadeiro centro de artes industriais.

De facto, para além da qualidade de fabrico da cerâmica de construção civil, onde se destacam as telhas, nacional e francesa (sendo de notar que a Cerâmica das Devesas foi a primeira fábrica a produzir em Portugal a telha francesa), os tijolos, o azulejo, o grés, a cal, o gesso ou mesmo a louça de faiança comum, a Cerâmica das Devesas evidenciou-se igualmente no domínio da produção de obras de arte, como as estátuas ou os vasos, peças feitas para embelezar edifícios, jardins, monumentos públicos ou funerários, entre outros. 

Ora, o responsável pela oficina de modelação e escultura era José Joaquim Teixeira Lopes.
"José Joaquim Teixeira Lopes modelava peças de escultura, que António Almeida da Costa reproduzia em mármore ou granito, nomeadamente para ornamentar monumentos públicos e monumentos sepulcrais. Posteriormente, José Joaquim Teixeira Lopes começou a ver alguns dos seus modelos em gesso reproduzidos também em cerâmica, para ornar fachadas de prédios românticos ou para os seus jardins. É nesta época que a Fábrica da Cerâmica das Devesas (...) assume uma vertente simultaneamente artística e industrial." (PORTELA, 2005: p. 93-94)

José Joaquim Teixeira Lopes



José Joaquim Teixeira Lopes. Imagem do blog S. Mamede de Ribatua: uma aldeia feliz

José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918), pai do grande escultor António Teixeira Lopes, era um transmontano natural de São Mamede de Riba Tua que, com apenas 13 anos, veio para o Porto trabalhar para o atelier do escultor Manuel da Fonseca Pinto, onde praticou modelação em madeira e barro.  

A formação de Teixeira Lopes passou pela Escola Industrial do Porto, onde aprendeu a disciplina de desenho, pela Academia Portuense de Belas Artes e pela Escola Imperial de Paris (1864-1865). É, portanto, um homem com um nível de formação elevado e que pode ser considerado um dos melhores escultores e ceramistas do século XIX em Portugal.

Na sua carreira recebeu diversas distinções, como o primeiro prémio da exposição trienal da Academia Portuense de Belas Artes, em 1869, com a obra O Filho Pródigo. Um dos seus trabalhos mais conhecidos são as Alminhas da Ponte, baixo relevo em bronze comemorativo do chamado desastre da ponte das barcas ocorrido durante as invasões francesas, e que pode ser apreciado no Cais da Ribeira, na cidade do Porto, junto à ponte D. Luiz. 


As Alminhas da Ponte. Foto da Direcção Geral do Património Cultural


Não será assim de estranhar que Almeida da Costa o tenha elevado eventualmente a sócio, embora minoritário, da Cerâmica das Devesas, o mesmo fazendo também com outro trabalhador da sua empresa, Feliciano Rodrigues da Rocha, canteiro conterrâneo de Almeida da Costa que com ele trabalhou desde os finais da década de 60. 

A Oficina de Fundição da Cerâmica das Devesas 


A partir de 1881 a fábrica passa a contar com uma oficina de fundição no seu quarteirão sul, permitindo a reprodução de modelos em metal, como o ferro ou o bronze. A oferta da Cerâmica das Devesas torna-se assim cada vez mais abrangente, distinguindo-se de outras unidades industriais pela capacidade de produção em diversos materiais, que podiam depois ser combinados conforme o projecto em questão. 

Como bem refere Margarida Portela (PORTELA, 2005), a construção integral, por parte da Cerâmica das Devesas, da monumental capela sepulcal do Dr. José Pereira da Costa Cardoso, em 1888, situada no cemitério de Agramonte (Porto), é disso um exemplo, ao combinar esculturas em bronze, reproduzidas a partir de modelos feitos pelas oficinas de modelação da Fábrica, portões em ferro fundido, vasos cerâmicos decorativos e trabalho de cantaria em mármore. 

Para se ter uma ideia do nível da concentração empresarial alcançado, refira-se que "No catálogo de 1910, aparecem para cima de mil peças: bustos, estátuas, grupos, louça sanitária, estuques, materiais de construção, artigos em grés, canalizações, mosaico hidráulico, azulejo, serralharia, fundição e cantarias. Para além de tudo isto, a Fábrica de Cerâmica das Devesas fabricava qualquer tipo de peça nas áreas supramencionadas. De facto, ao longo de toda a sua actividade, António Almeida da Costa procurou adaptar-se sempre ao gosto dos encomendadores, tornando-se evidente a sua versatilidade." (Queiróz, 2004)

A Escola de Desenho e Modelação da Cerâmica das Devesas


A Cerâmica das Devesas notabilizou-se também pela relevante função pedagógica que desempenhou. Vários estudantes da Escola de Belas Artes do Porto passaram pela oficina de modelação das Devesas, aprimorando assim a sua formação prática, sendo o mais conhecido o escultor António Teixeira Lopes (filho de José Joaquim Teixeira Lopes), que havia começado o seu percurso precisamente como aprendiz na Cerâmica das Devesas. 

Sempre preocupado com a qualidade da aprendizagem artística dos seus operários, António Almeida Costa, em colaboração com Teixeira Lopes, cria na própria fábrica uma escola de desenho e modelação, embrião da Escola de Desenho Industrial de Gaia, criada em 1884, e que, numa fase inicial, irá funcionar numa das dependências da Cerâmica das Devesas.  

"Apesar de António Almeida da Costa contar com mestres de elevada qualidade artística e de excelente capacidade técnica nas suas oficinas – como o ceramista João José da Fonseca – não descurou a formação dos seus empregados em desenho aplicado à indústria. Para isso, possuía uma escola de desenho e modelação nas instalações da própria fábrica. " (QUEIRÓZ; 2004)

A grande virtude de António Almeida da Costa prende-se pois com a sua capacidade em conciliar arte e indústria, recorrendo a uma mão de obra altamente qualificada, em grande parte formada na própria fábrica. 

A Publicidade como arma


Também no campo da publicidade a fábrica das Devesas foi moderna. Na viragem do século XIX para o XX algumas das fachadas dos seus edifícios fabris, por exemplo, começaram a ser revestidas com painéis de azulejos, funcionando assim como um catálogo a céu aberto dos seus produtos. O muro mostruário da fachada do quarteirão sul ainda hoje pode ser apreciado, apesar dos actos de vandalismo a que já foi sujeito. 

O muro mostruário da fachada sul. Foto de Jorge Rêgo (2012)

Pormenor do muro mostruário. Foto de Jorge Rêgo (2012)

Sinais evidentes de degradação (2017)

Painel do muro mostruário. Almeida da Costa numa das secções da sua fábrica.
Foto Jorge Rêgo

Painel do muro mostruário. José Joaquim Teixeira Lopes na oficina de modelação.
Foto de Jorge Rêgo


De forma similar às fábricas deste período, a Cerâmica das Devesas denotava cuidado com o desenho da fachada, nomeadamente do seu alçado principal, revelando preocupação estética com a sua inserção urbana, nomeadamente através do recurso ao uso de elementos estilísticos, como a estatuária, os baixos relevos em pedra, as ameias decorativas a rematar a cobertura e os frisos de azulejos. 

"As formas definem-se  num tratamento plástico e emblemático em que o que está em causa é a aparência de um elevado status económico. Já não chegam só quatro paredes e um telhado para fazer uma fábrica. Acima de tudo é preciso a fachada, em que se faz a junção de elementos puramente funcionais com uma nova estética urbana." (SOEIRO; ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995: 215) 

Deste modo, o próprio edifício funciona como um importante marco publicitário das valências da fábrica. 

Fachada principal (2012)
Foto Jorge Rêgo

Em 2012 ainda eram visíveis os leões a guardar a entrada da fábrica
Foto Jorge Rêgo

Os frisos de azulejos da fachada principal (2017)


O baixo relevo em pedra que encima a entrada da fábrica (2017)

Em 2017 já o portão e os leões tinham desaparecido. Restavam os frisos de azulejos, as ameias coloridas e o baixo relevo em pedra


O cuidado colocado na decoração das fachadas estendeu-se também à cidade do Porto, onde estava localizado o edifício que servia de depósito e de exposição de produtos da fábrica, na Rua José Falcão, nº 189, e hoje classificado como monumento de interesse público. A fachada do prédio, construído no ano de 1899 em estilo néo-árabe, revivalista, com recurso a  abundantes elementos decorativos de grande riqueza cromática, funciona como uma autêntica vitrine dos artefactos fabricados na Cerâmica das Devesas. 

A fachada do edifício que serviu de depósito de materiais e de exposição dos produtos da cerâmica das Devesas no Porto. Foto da Direcção Geral do Património Cultural

O mesmo acontece com o edifício de habitação existente no gaveto da Rua Almeida da Costa com a Rua Conselheiro Veloso da Cruz, em Gaia. Estes prédios remetem-nos para um certo exotismo de sabor árabe, com os característicos vãos de arco em ferradura ou o recurso ao azulejo como principal elemento decorativo das fachadas. Fogem assim ao discurso arquitectónico dominante das zonas onde estão implantados, conferindo a quem os observa um certo vislumbre do ambiente das mil e uma noites. foto prédio de habitação

Foto Jorge Rêgo


Pormenor do mesmo edifício. Foto Jorge Rêgo

A publicação de catálogos ilustrados, assim como a participação em exposições internacionais (a fábrica ganhou uma medalha de prata na Exposição Universal de Paris de 1900), foram também iniciativas importante de António Almeida da Costa no sentido de promover a sua unidade industrial.

Catálogo da Fábrica de Cerâmica das Devesas de 1910. 
Imagem retirada do site de Francisco Queiróz


Além de abastecer o mercado nacional, a Cerâmica das Devesas exportava imenso para Espanha e para o Brasil, principalmente para o Rio de Janeiro. O próprio rei D. Manuel II deslocou-se à fábrica em visita no ano de 1908, tal era o prestígio da empresa. 

A aliança alcançada entre a arte e a indústria, as preocupações com a formação da mão de obra, a qualidade dos equipamentos industriais, a adopção de um método de produção e de escoamento moderno, racional e eficiente e a abrangência dos materiais trabalhados, assim como o recurso a uma publicidade inovadora, permitiram que a fábrica das Devesas se destacasse no panorama fabril nacional, servindo mesmo de exemplo para outras fábricas fundadas posteriormente. 

"Até há alguns anos atrás, injustamente relacionada com o fim da cerâmica artística e o início da cerâmica industrial, a Fábrica de Cerâmica das Devesas não foi mais do que a ponte entre as duas realidades, tendo tido o melhor das duas vertentes. Por essa razão, o complexo fabril das Devesas e as peças que produziu constituem o mais relevante legado cerâmico hoje existente em Portugal." (QUEIROZ, 2004) 

O papel benemérito de António Almeida da Costa


António Almeida da Costa foi também um filantropo, impulsionando a construção de uma série de edifícios com valências destinadas aos seus funcionários, tais como a creche, o asilo, o bairro dos operários e o bairro dos contra-mestres. A creche foi criada no ano de 1894 e funcionou num edifício em que actualmente apenas resta a fachada, no gaveto da Rua Visconde das Devesas com a Rua Heliodoro Salgado. foto creche devoluta

É ainda possível discernir a riqueza da fachada da primeira creche de Almeida da Costa

Este jardim infantil, que servia os filhos dos empregados da Cerâmica das Devesas, funcionou no mesmo local até 1915, ano em que é inaugurado um novo edifício na Rua Almeida da Costa. Este novo edifício, quando foi criado, funcionou como um lar de idosos mas também como creche para as crianças pobres em demanda de um espaço condigno para viver. 

A fachada do edifício que serviu de creche e asilo


Foto Jorge Rêgo (2012)


Foto Jorge Rêgo (2012)



Baixo Relevo. Foto de Jorge Rêgo (2012)



Baixo Relevo


A fachada deste imóvel possui umas linhas extraordinárias, onde sobressaem as ameias, os arcos, os pináculos, as colunas ou os vãos de arco em ferradura, remetendo-nos para o tal programa decorativo de gosto árabe ensaiado por Almeida da Costa em diversos edifícios e onde se inclui também o palacete, em estilo neo-árabe, construído por Almeida da Costa para sua residência e "(...) cujo posicionamento altaneiro permitia uma observação pessoal e tutelar sobre todo o complexo industrial." (SOEIRO, ALVES; LACERDA; OLIVEIRA, 1995: 271) foto palacete Almeida da Costa

Acima do bairro operário vislumbra-se uma parte do palacete de Almeida da Costa

Pormenor da fachada principal do palacete. Atente-se aos arcos em ferradura, tão ao gosto de Almeida da Costa. Foto de Paula Noé. Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. DGCP.

Fachada Oeste. Foto de Paula Noé. Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. DGCP. 


Antes de mudar para o Palacete, Almeida da Costa e a sua esposa viviam numa casa junto ao núcleo primitivo da Cerâmica das Devesas, na Rua Conselheiro Veloso da Cruz, e chamada popularmente de Palácio ou Casa D. Chica. Nas traseiras deste edifício oitocentista levantam-se oito esculturas femininas, esculpidas na cerâmica das Devesas, e que ainda hoje podem ser observadas. 


O Palácio D. Chica. Ao lado pode observar-se que um dos edifícios da Cerâmica das Devesas é hoje ocupado por uma oficina automóvel


As esculturas nas traseiras do edifício


Tanto o palacete como o edifício do asilo-creche são actualmente pertença da Santa Casa da Misericórdia de Gaia, e parte integrante dos serviços da creche e jardim de infância Emília de Jesus Costa, assim como do lar António Almeida da Costa. 

Na mesma linha assistencialista que presidiu à construção da creche e do lar, Almeida da Costa mandou também construir um conjunto de habitações sociais para os seus funcionários residirem, onde se incluía o bairro operário (situado na Rua Mouzinho de Albuquerque) e o bairro dos contra-mestres (situado na rua Visconde das Devesas). 

Bairro operário. Foto Jorge Rêgo (2012)

Bairro operário. Foto Jorge Rêgo (2012)

Casas do bairro dos contra-mestres (2017)

As fachadas destas construções serviram mais uma vez como um escaparate para os produtos feitos na Fábrica, sejam eles os azulejos de cores vivas do bairro operário ou as estátuas, os baixo-relevos e os gradeamentos em ferro fundido do edifício da creche e do asilo, por exemplo. 

Depois da morte de António Almeida Costa, em 1915, e de José Joaquim Teixeira Lopes, em 1918, a fábrica das Devesas entra num longo processo de declínio, abdicando da produção de obras de arte e passando a dedicar-se essencialmente ao fabrico de materiais para a construção civil.  

A fábrica encerra definitivamente na década de 80, encontrando-se em curso, desde meados dessa década, um processo de classificação daquela unidade industrial que até ao momento ainda não está concluído. De realçar que o complexo fabril, tanto no quarteirão norte como no quarteirão sul, é de propriedade privada, tendo estado previsto, pelo menos até muito recentemente, a construção de um projecto imobiliário nos terrenos da ala sul. Hoje, curiosamente, os terrenos encontram-se à venda, à procura de um novo investidor. 

O Processo de Classificação

Em 1986 o Gabinete de História e Arqueologia da autarquia decide propor ao então Instituto Português do Património Cultural (IPPC) a classificação a nível nacional do complexo fabril da cerâmica das Devesas, onde se incluía, para além da fábrica e de seus armazéns, oficinas e escritórios, o muro-mostruário (de que falámos atrás), o palacete de António Almeida da Costa, a creche e o asilo, a casa dos contramestres, o bairro dos operários e o edifício de habitação situado no gaveto entre as Ruas Almeida da Costa e a Rua Conselheiro Veloso da Cruz.

Em 1991 a classificação é lançada com a abertura do processo pelo IPPC. Entretanto, o IPCC é extinto em 1992, criando-se no seu lugar o Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAR), que apenas em 1999 confirma o despacho de 1991 relativo à abertura do processo de classificação do complexo fabril das devesas.

Em 2012 a Direcção Regional da Cultura do Norte (DRCN) informa que o processo de classificação encontra-se atrasado por existir uma incapacidade técnica para elaborar o plano obrigatório da zona especial de protecção. No mesmo ano a DRCN decide classificar o complexo fabril como conjunto de interesse público, proposta que é apoiada pelo Conselho Nacional da Cultura. No final de 2012 o procedimento é prorrogado até 30 de Junho de 2013

Em Maio de 2013 o processo de classificação caduca, após requerimento dos proprietários da fábrica, sendo reaberto, no entanto, um mês depois, apenas para caducar de novo em 2015, de novo por requerimento dos proprietários. Nesse mesmo ano a DRCN propõe a abertura de um novo procedimento de classificação de âmbito nacional do núcleo fabril norte e do núcleo fabril sul, sugerindo que os restantes edifícios sejam classificados a nível municipal. A proposta seria, no entanto, devolvida à DRCN por parte da Direcção Geral do Património Cultural para reponderação, num primeiro momento, e pelo Conselho Nacional da Cultura, numa segunda fase.

Em Abril de 2016 é apresentada uma nova proposta de classificação do Complexo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devesas por parte da DRCN que, no entanto, ainda não teve aprovação por parte da Direcção Geral do Património Cultural. 

Diga-se que esta demora por parte da Direcção Geral do Património Cultural em dar resposta à última proposta de classificação da fábrica feita pela DRCN em Abril de 2016, portanto, há mais de um ano, é incompreensível. 

Deste atraso resulta que o procedimento de classificação se encontra caducado desde 2015, estando a Cerâmica das Devesas, de momento, sem qualquer tipo de protecção legal e sem a correspondente zona de protecção de 50 metros a contar dos limites externos dos imóveis a serem classificados.

Entretanto, os edifícios fabris vão degradando-se de forma acentuada com o decorrer dos anos, alvo de derrocadas e pilhagens que em muito comprometeram a integridade dos imóveis e do seu recheio.


Aspecto do quarteirão norte da fábrica das Devesas em 2012. Foto Carlos Romão


Em 2017, uma fotografia tirada do mesmo quarteirão norte da fábrica revela o nível de degradação a que o imóvel tem sido sujeito

Fomos aliás testemunha de como uma avultada quantidade de documentação pertencente ao arquivo da fábrica se encontrava espalhada pelo chão de algumas das suas divisões em 2012. 


Foto Carlos Romão (2012)

Foto Jorge Rêgo (2012)


Esta degradação vem acontecendo desde há vários anos, colocando em causa a segurança das pessoas que circulam nas suas imediações, sem que os proprietários da fábrica e de seus terrenos tenham revertido a situação, expectantes que estão (ou pelo menos estavam até há uns anos atrás) em urbanizar o quarteirão sul do complexo fabril, cujo processo de loteamento, embora condicionado, foi autorizado há muitos anos pela Câmara Municipal. 


Chaminé do quarteirão sul (2012). Foto Jorge Rêgo


Aspecto do Quarteirão Sul (2012). Foto de Jorge Rêgo


Segundo documentação que tivemos a oportunidade de consultar, os donos do complexo fabril alegam que não possuem os meios financeiros necessários à realização de obras na Cerâmica das Devesas pelo facto da fábrica não gerar rendimentos há vários anos, lamentando também não poder demolir os edifícios em causa devido ao processo de classificação.

Entretanto, a câmara municipal de Gaia alega que se encontra de mãos atadas e que só com a classificação do complexo fabril das Devesas poderá obrigar os proprietários à sua necessária preservação, evitando assim a sua demolição. (LUZ, 1995: 18)

Fachada Principal (2012). Foto Jorge Rêgo



Fachada Principal (2017). É evidente o avançado estado de ruína do imóvel


Apesar do imbróglio, é imprescindível alcançar rapidamente uma solução que permita salvaguardar este exemplo maior da história da indústria cerâmica em Portugal, evitando a sua contínua deterioração e permitindo a construção de um núcleo museológico dedicado à cerâmica que, entre outras coisas, preserve e divulgue a história e o espólio da Cerâmica das Devesas, um anseio de muitos anos da autarquia gaiense. 

O Património da fábrica a deteriorar-se. Foto Carlos Romão (2012)


Foto Carlos Romão (2012)


Foto Jorge Rêgo (2012)

Foto Jorge Rêgo (2012)


Este desígnio, contudo, só poderá ser atingido, na nossa opinião, se for assumido pelo estado (Ministério da Cultura, Câmara Municipal de Gaia), através da compra do complexo fabril aos seus proprietários. De outra forma, daqui a uns anos já não haverá património para salvar. A solução de financiamento poderia passar eventualmente por uma candidatura a fundos europeus que ajudassem a concretizar o referido projecto do Museu de Cerâmica.



Foto Jorge Rêgo (2012)



Foto Jorge Rêgo (2012)


Foto Carlos Romão (2012)


Concluímos o artigo com as palavras do investigador Francisco Queiróz, que a esta temática tem dedicado vários anos de dedicação e estudo.

"A Fábrica de Cerâmica das Devesas foi a mãe de todas as fábricas de cerâmica modernas no norte e centro de Portugal. Ora, se Gaia é considerada terra da cerâmica (aliás, no período áureo da Fábrica de Cerâmica das Devesas, Gaia era o maior centro produtor de cerâmica em Portugal), faz todo o sentido aproveitar o potencial desta fábrica, realçando a própria identidade de uma região e de um concelho, assim como a identidade do país, pois as peças que a Fábrica de Cerâmica das Devesas produziu para decoração arquitectónica tornaram a nossa arquitectura identitária e distinta da de outros países.(...) Ora se há vários anos reabilitam-se e musealizam-se parcialmente algumas fábricas de cerâmica que foram "cópias" do modelo da Fábrica de Cerâmica das Devesas, e que nem sequer possuíam as estruturas que as Devesas ainda mantêm; se outros assim o fizeram com muito menos, seria um erro gravíssimo se o modelo – a Fábrica de Cerâmica das Devesas – não fosse aproveitado e preservado de uma forma ainda mais consistente e assumida." (QUEIRÓZ: 2004)

Uma nota final para dar conta de que esta publicação contou com fotografias de Carlos Romão, autor dos blogs A Cidade Surpreendente e A Cidade Deprimente, e de Jorge Rêgo, autor do blog Caminhos de Ferro Vale da Fumaça e do livro de iniciação à fotografia, A Luz que desenha imagens. 


BIBLIOGRAFIA

CORREIA, Fernando António da Silva - António Almeida da Costa. Industrial Humanista Filantropo. Vila Nova de Gaia: Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, 2014.

LUZ, Carla Sofia - «Só classificação poderá salvar a Cerâmica das Devesas». In Jornal de Notícias. Edição de 23/01/2015. p. 18

PORTELA, Ana Margarida Gomes - «Fábrica de Cerâmica das Devesas: entre a arte e a indústria.» In Fabrikart, nº 5. Bilbao: Universidad del País Vasco, 2005. p. 92-101. Disponível online em: «www.ehu.es/ojs/index.php/Fabrikart/article/download/2832/2446» [consultado em Junho de 2017]

PORTELA, Ana Margarida Gomes - «A Fábrica de Cerâmica das Devesas: percurso biográfico dos seus principais artistas». In FERREIRA-ALVES, Natália (Coord.) -  Artistas e Artífices e a sua mobilidade no mundo de expressão portuguesa. Actas do VII Colóquio Luso-Brasileiro de História de Arte. Porto: Faculdde de Letras da Universidade do Porto, 2007. p.41-48. Disponível online em: «http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/6111.pdf» [consultado em Junho de 2017]

QUEIRÓZ, Francisco - A Fábrica de cerâmica das Devesas: património industrial em risco. Disponível online em: «http://www.queirozportela.com/devesas.htm» [consultado em Junho de 2017]

RIBEIRO, Manuela C.S. - «A Olaria de Coimbrões: documentação, memória e arqueologia». In FERNANDES, Isabel Maria, TEIXEIRA, Ricardo (coord.) - A Louça preta em Portugal: olhares cruzados. Porto: CRAT, 1997.

SOEIRO, Teresa, ALVES, Jorge Fernandes, LACERDA, Silvestre, OLIVEIRA, Joaquim - «A Cerâmica portuense: evolução empresarial e estruturas edificadas. In Portugália. Nova Série. Vol. XVI. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1995. p. 203-287.Disponível online em: «http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3834.pdf» [consultado em Junho de 2017]

Comentários

  1. Gostei muito de ler, Pedro. Interessante, bem escrito e bem documentado. Pena é que, segundo parece, as coisas continuem na mesma... Temo que, a este ritmo, este importante marco do património gaiense vá desaparecer, levando consigo parte importante da história da cidade.

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  2. Fico muito contente que tenha gostado do artigo Graça. Realmente o processo de classificação encontra-se parado o que é uma tristeza e bem revelador da lentidão, senão incúria, que ainda grassa em alguns organismos do estado, neste caso a Direcção Geral do Património Cultural.

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    1. Excelente trabalho, parabéns! É triste ver este património cultural a degradar-se. Que tal unirmos os gaienses por esta causa?

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  3. Muito obrigado. Realmente esta é uma causa que merece a atenção e o empenho de todos.

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  4. Sou descendente de uma antiga família de artesãos de Coimbrões, fabricantes de panelas, do século XVIII. Escrevi um artigo genealógico em meu blog sobre tal família e gostaria de ilustrá-lo com a imagem do azulejo que dá nome à rua dos Oleiros. Gostaria de saber se autoriza a utilização da imagem em meu blog, com a devida citação da fonte. Muito obrigado.

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    1. Peço imensa desculpa mas só agora reparei que tinha colocado o seu comentário. Pode usar a fotografia à vontade. Desculpe pela demora na resposta.

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  5. Nascido e criado na Rua Visconde das Devesas gostei muito de ter lido sobre a ceramica das Devesas, muito interessante saber o que foram essaa casas que tantas vezes passei por elas sem saber a sua historia. Muito bom mesmo.Parabens.

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  6. Já por lá passei centenas ou milhares de vezes. Há muito que me apercebia e lia sobre o seu estado de abandono e degradação. Hoje resolvi perder algum tempo a verificar ao pormenor tudo aquilo que me ia apercebendo. Lamentável o que vi, como é possível? Quis saber mais sobre o assunto e encontrei este artigo, bem redigido e estruturado. Gostei. Aprendi, obrigado e parabéns pelo seu trabalho.

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  7. Excelente trabalho. Parabéns.Sabe alguma coisa sobre o "baixo relevo" apresentado no blogue? Vi-o perto da Igreja de Mafamude, mas não encontrei mais nenhuma informação sobre ele até ler o seu blogue. Qualquer sugestão seria útil. É espetacular!

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